Negócios à Párka (parte 2.5)

Matailde “Ta Párka” Romanieshka, mora num trailer Motor-home, numa comunidade cigana.
Obviamente nômade.

Tipo de cliente difícil de ser encontrada,
pelo estilo de vida que leva, mas…
Se o patrão confia, minha cara é cobrar.
Claro, isso quando ela passa e eu fico sabendo,
cuja informação, por si só, já vale meu peso em ouro.
Andei emagrecendo, fato, mas não paguei tudo isso.

Vidente, — diz ela — lê cartas para os locais…
e para o público em geral, “a preço justo”,
quando em passagem pelas cidades.

São esses, os únicos momentos em que ela está sóbria, e não agarrada com seu gato, Sammael e uma garrafa de Stoli, no sofá-cama do trailer.
Diga-se de passagem…

Quando perguntados pela velha assustadora,
os residentes da Tria (nome do grupo de ciganos), apenas respondem:

– Ah! Ta Párka?!
– No trailer surrado à esquerda da saída do acampamento.
– Cuidado com aquela velha, rapaz,
ela é uma bruxa de verdade, mas é louca de pedra.

Curioso mesmo,
somente uma bruxa pra me fazer sair
do meu quase-confortável escritório, – ironias à parte – pra vir nesse fim de mundo cobrar pessoalmente.
Não há um ser, que não seja mágico, creio eu, que não tenha, pelo menos um e-mail.
Estamos em
Dois Mil
E Vinte
E TRÊS! — opa, o que foi isso?

O suor deve ser da caminhada,
por onde o carro não passa.
Mas eu estou ofegante?
Porque eu quero gritar com essa senhora?
Ela nada me fez… esse é só o meu trabalho…

— pensando bem…

Ta Párka,
isso é grego para Parcas Do Destino. — Interessante!
– Seria esse o apelido “carinhoso” dessa velha tranbiqueira, em seu ‘habitat natural’? — penso – um espasmo estranho, toma conta da minha face.
Acho que quase sorri.

Me aproximo de um descampado agora,
onde a trilha fresca foi deixada
por pesadas passadas e rodas de trator.
Aves noturnas reviram as barulhentas
e pesadas asas ao meu redor.
Eu quase as sinto me olhar enquanto passo pelas árvores. — pico sinistro pra caralho!
Se esse formigamento no abdome for real,
eu acho que pode até ser medo. Mas…

Ainda faltam uns oitocentos metros para chegar
no que parece ser o fim do acampamento.
Até o trailer, mais um tanto.
Bom…
É um trailer. Habitável? Não.
Já está escurecendo, o dia passou rápido.
Melhor apertar o passo.

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