Quebra-Cabeças (Todo Errado)

Quanto mais o tempo passa,
mais sinto que não me encaixo.
Quanto mais eu falo,
mais me sinto pressionado contra o aço.
Quanto mais eu calo,
mais a paciência vai pro ralo.

Não quero ser chato, não que esse mundo
já não seja um pé no saco, mas claro,
há quem queira, ainda, que eu encontre
meu próprio espaço. – CARALHO!

Como pode botar tanta fé em mim?
Se nem eu, que me aturo, sei ser assim?!

Falta simpatia, onde a ‘frieza’ impera.
Mas frio nos glóbulos vermelhos,
não consta, vai vendo, espera!

Me julgam sem saber, não sou frio,
essa porra ainda dói. Machuca…

Machuca não saber,
onde está apertando o calçado (?)
Tenho que repetir, tudo que eu falo.
Tenho que provar… Toda vez assim…
minha palavra tá em baixa,
já não vale, sequer, um centavo furado.

Se eu falo calmo, não me ouvem.
Mas se me imponho, sou mal educado.
Grosso!quantas vezes não ouvi essa merda?!
Até de gente que devia saber,
que não faz bem pra pele, me fazer repetir.

Chega!digo a mim mesmo
Não vou mais engolir essa situação.
Desculpa é o caralho,
pega sua conversa mole
e enfia no rabo.

Cansado dessa palhaçada.
De ser sempre carta fora do baralho,
sempre, a peça fora da caixa.
Aquela que vai parar embaixo do sofá
empurrada pelo gato, e que por fim,
não parece fazer falta…

Ser ‘Misfit’ aos quinze, é medalha,
mas aos trinta (e  mais alguns)?! Tem algo errado.
Muita coisa que eu não quero nessa vida.
Muita coisa que não quero que se repita.
Várias pessoas vendendo ideia torta.
Ainda me fizeram acreditar,
que a porra da culpa é minha…

E talvez seja mesmo.
A propaganda é enganosa, mas é boa.
Tô tipo peça desnecessária
de um quebra-cabeça completo,
SOBREI
e não sei mais onde me encaixo.

Hoje não sei mais se tô por cima
ou se passei por otário.
Entrei foi pelo cano,
descarga abaixo…

E NÃO! NÃO É DE HOJE.

Eu sempre fui todo errado.
Desacreditado, humilhado…
o imprestável da família.
— Que mal te faço, pra ser atacado?!

Quando a tristeza não mais se contém,
até a dúvida em si, vai mais além.
Não é ódio de verdade, é voz…
Travada na garganta há anos.
Foi mais um trago. Desabafo!

Pra ouvir que eu sou puro caos.

Fumaça que sobe, wisky que desce.
O fígado da próxima vez,
não sei se aguenta o estrago.
Se eu tenho que provar, não sei nem porque eu falo.

Não quero mais ver nenhum deles. NENHUM.
Nunca fui um deles. Não quero mais ser.
Só trago nos venenos,
esperando o próximo esculacho.
Também nunca fui cachorro de madame,
não espere que eu caia do caminhão da mudança
e venha abanando o rabo…

Eu tô roendo sua corda, seus desgraçados,
eu mesmo pulo desse caralho.
Tão pouco sou de latir duas vezes.
Eu mordo.

CUIDADO! CÃO BRABO!

E continua a saga… Kkkkkkkkkkkk
  — Quer conversar? – é assim que ela me mata.

Ela me fala que eu tenho que mudar,
me dá o sermão… Não! A missa inteira.
Foda essa realeza.

Me faz relembrar os sonhos mais fúteis,
as ideias joviais,
os mares,
os matos,
a cerca branca,
a música dos Racionais,
“Uma seringueira com balanço,
desbicando pipa, cercado de criança”,
o ar puro, e foda-se, por que não?!
O gado no pasto, rendendo grana.

Me lembra, que eu não preciso de ninguém pra ser feliz,
que eu só tenho EU e que ninguém é dono do meu nariz.
Mas isso é ela quem diz…

Ela nem tem obrigação. Nunca teve. Mas faz…
Carai, eu tenho que parar de vez, e deixar de atrapalhar,
quem sempre fez de tudo e um pouco mais,
pra que eu não esquecesse meu lado bom.

Errada ela não tá.
Mas certa vez eu vi,
num sonho tão vivido que quase me mata,
a hora exata do fim. Me enche os olhos d’água
saber que ainda falta, uma tremenda caminhada,
pra chegar onde eu falhei até agora em alcançar.

Errada ela não tá.
Eu que sempre fui todo errado.
Como um quebra-cabeça virado,
difícil de completar…

Criticas? Desce o verbo...

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