Eu, na minha simplicidade enquanto criança,
sempre achei agenda uma coisa super chique.
Coisa de bacana,
sujeito que tem muita grana,
que a usa para marcar suas reuniões imperdíveis…
Então, sendo eu, pobre, nunca tive uma.
Cresci e ouvi numa reportagem que crianças na china eram educadas a manter uma agenda para aprenderem a ser mais organizadas e pontuais; acho que é por isso que eu sempre chego atrasado nos lugares e quase nunca lembro o que tenho que fazer, mas não vamos perder o foco aqui…
Vi na tela, todas as maravilhas de possuir uma dessas simples, porém eficazes, ferramentas de divisão de tempo, tinha até um sujeito estranho que a usava como diário e descrevia em poucas palavras o que lhe acontecia durante o dia.
E olha que foi bem antes de inventarem o twitter, ele usava, por vez, somente uma linha.
Tinha também um rapaz, tão ocupado, que tinha duas, e fazia mágica para cumpri-las, mas claro, ele era realmente mágico, e agendava shows para crianças em hospitais, no resto do tempo, gerenciava uma lanchonete no centro.
Como eu disse, ele tinha dinheiro… – coisa de rico.
Havia também as mais recentes tecnologias ‘das internetes’, um e-mail que vinha com agenda virtual…
– Uaaauuu… Essa eu posso ter. – Pensei.
Mas claro, com internet discada, fica complicado.
Fiz uma conta, programei a tal agenda, mas nunca tive a oportunidade de usá-la, afinal, internet banda larga, na época também era coisa de rico…
Enfim, recentemente, ganhei uma agenda, bonita, cheia de páginas branquinhas, com cheiro de nova; também deveras, veio na caixa; e acabo de perceber, para meu pesar, que eu estava certo o tempo todo…
– Agenda é coisa de gente rica e ocupada.
Realizado meu sonho infantil de ter uma agenda profissional,
com capa de couro, toda manufaturada, e claro, cara,
percebo para meu desespero, que minha vida é composta de rotinas,
e pra minha real tristeza,
não tenho nela,
o que anotar…
[Triste Fim!]
